Mais uma das tradições americanas copiadas pelo Brasil é a Black Friday – uma sexta-feira inteira em que as empresas do varejo físico e e-commerce oferecem descontos de até 90% em seus produtos, aproveitando a proximidade das festas de fim de ano. É uma data tão esperada pelo mercado que a estimativa da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e da Ebit, empresa de informações sobre o comércio eletrônico brasileiro, é de que as vendas da Black Friday este ano devem crescer 15%. Só falando em e-commerce, serão R$ 2,19 bilhões de reais ganhos neste período.
Números generosos para uma economia ainda cambaleante com a crise, não é? No entanto, o que lá na terra do Tio Sam é desconto de verdade com preços em queda, aqui recebeu o pejorativo nome de “Black Fraude”, já que muitas lojas se valem de um estratagema equivocado: aumentam os preços dos produtos nas semanas anteriores à ação promocional, para no dia da Black Friday, retornarem com o valor normal, ou um pouco menor, “disfarçado” de desconto.
O problema com essa estratégia, que ficou famosa nos primeiros anos de realização da Black Friday aqui no Brasil, foi que as lojas envolvidas no esquema ficaram com a imagem arranhada após a descoberta. E imagem é super importante como um dos focos desta ação: porque não estamos falando apenas de oferecer descontos sedutores para seus clientes; também falamos de alcançar novos, que talvez não comprassem na loja se não fosse a Black Friday.
No entanto, ano após ano sites como o ReclameAqui recebem reclamações de clientes insatisfeitos que se sentiram enganados pela “Black Fraude”, ou que já perceberam a manipulação no preço antes do começo da ação. Por isso, se você não quer entrar na lista da “black fraude” e ficar com o nome manchado entre seus clientes, é importante tomar alguns cuidados antes de iniciar a promoção:
- Não existe Black Month, a campanha é boa justamente por criar um senso de oportunidade! Em alguns segmentos pode ser necessário estender para um final de semana, porém, mais do que isso é assinar o atestado de falsidade ideológica com o consumidor.
- Planeje-se com antecedência! A depender do tamanho da sua loja, você precisa ampliar a equipe que vai trabalhar diretamente na Black Friday, e capacitá-los para qualificar o atendimento;
- É imprescindível ter um estoque adequado para não ficar sem produto no meio da ação. E não se esqueça de verificar sempre a quantidade de produtos e deixar bem claro ao cliente quando o produto está em falta;
- Se a sua empresa é uma loja virtual, o site deve ter um bom servidorpara não cair durante a Black Friday;
- Ter diversas formas de suporte em tempo real para clientes com dúvidas ou insatisfações entrarem em contato, seja em chatbot, mídias sociais ou mesmo blog.
Não se esqueça de avaliar qual deve ser o foco da sua Black Friday: você quer ampliar sua carteira de novos clientes com descontos sedutores em produtos de seu estoque, ou o objetivo é esvaziar o estoque de produtos antigos para repor a tempo para o Natal?
Pensando em todas essas possibilidades, se planejando e respeitando as vontades e a inteligência do cliente, o Black Friday brasileiro pode deixar de ser uma “Black Fraude” e se tornar uma oportunidade incrível para o varejo nacional consolidar ainda mais uma data relevante no mercado.
*Guilherme Baruch é bacharel em processamento de dados pela UFBA, especialista em Administração pela UNIFACS e em Marketing pela FTE. Professor nos cursos de pós-graduação da Unif. Tem 16 anos à frente da Agente Marketing de Relacionamento
Colaborou Marina Teixeira